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Mente & Espírito

O desafio da desobsessão

André Aragão

A obsessão espiritual pode ser vista por vários ângulos. Geralmente, enxergamos a questão como uma situação externa, como uma perseguição ou ameaça de um Espírito desencarnado. Perseguições espirituais não são novas nem raras, são algo do cotidiano humano. Essa influência espiritual, dentro desse contexto, é o olhar mais comum. O encarnado, então, busca o tratamento em um centro espírita, com a finalidade de afastar o Espírito obsessor. Começa, a partir daí, a ida para as sessões de desobsessão e de passe, com o intuito de tratar o Espírito obsessor. Será que não está na hora de revermos isso? Que tal olhar a obsessão espiritual como um processo interno? Sim, é isso mesmo. Espíritos são pessoas e pessoas são espíritos. Vamos parar com essa ideia de perseguição! O problema não é do outro, o problema é nosso. “Tudo que chega até você, lhe pertence.” O olhar interno é mais produtivo, pois requer reflexão do PARA QUÊ e não do PORQUÊ.
Temos de nos perguntar qual o significado, a razão de estarmos passando por essa ou aquela situação: “O que a vida quer me ensinar?” “Que habilidades vou integrar com essa experiência?” Vamos sair do movimento simplista de que o que nos acontece é fruto de algo de errado que fizemos em vidas passadas e devemos pagar nesta encarnação! “Ah, eu tenho um inimigo do passado e agora ele está aqui me obsidiando para se vingar”. Isso é muito linear e previsível.
Quando falamos de olhar para dentro, falamos em despertar. “Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.” (Carl Gustav Jung).
Pensemos assim: se alguém me incomoda, algo em mim se conecta com aquilo que me incomoda; se alguém me agride, há algo em mim que se conecta com a agressão. Mesmo que seja aleatório e involuntário, devo me perguntar qual a razão para que isto esteja em meu caminho. Isto é fazer uma análise interna, é buscar se conhecer, se descobrir. É o primeiro passo para, inclusive, reconhecer até uma auto obsessão.
Aceitemos esse desafio! O desafio de reconhecer que tudo que nos chega, nos pertence. Na busca desse autoconhecimento, vamos percorrer etapas importantes para o tratamento da obsessão. Se pensamos que o desafio é afastar o agressor, perdemos o desafio, pois nos igualamos ao agressor e mostramos nossa atitude com a dificuldade interna. A questão não é nos submetermos ao agressor ou agredido. Isso é polaridade, isso é não aprender, não crescer, não evoluir; isso é perder a possibilidade de ir para um estágio mais adiantado como Personagem e Espírito.
Você deve estar se perguntando: “O que devemos fazer?” Sim, é uma boa pergunta… Obsessão espiritual é uma questão pessoal! Sim, você acabou de ler sobre isso. Sinto muito! Isso não significa dizer que vamos dispensar os médiuns, passistas, nem desativar os grupos das mediúnicas. Não, eles vão continuar desenvolvendo suas atividades! Mas teremos de mudar. Isso mesmo! Teremos de ir em busca de nós mesmos e nos perceber, visitar nossos pântanos e olhar nossas sombras. Ponha luz lá irmão! Luz é pouco, ponha um holofote. Clareie, ilumine! Temos de ser a mudança que queremos ver no mundo.
Comecemos avaliando quatro níveis internos: vontade, desejo, ideias e comportamentos. Não tenhamos medo, pois isso tudo está em nós. Essa primeira etapa já vai nos ajudar a reconhecermos o que chega em nossa mente. “Será que essa vontade é minha? Será que esse desejo tem a ver comigo? Essas ideias me pertencem? Esse tipo de comportamento é meu?” São perguntas que vão nos ajudar a reconhecermos o que de fato é nosso e o que pode ser do outro. Esse outro deve ser acolhido. Nada de bullying, viu?! Compaixão, eu diria, sem medo. Lembra-se da naturalização? Hora de pôr em prática. “Quem é você, qual a sua história, me perdoe se fiz algo a você, vamos começar de novo …” Estão aí algumas dicas de como resolver a obsessão.
Realmente, é um desafio interno. A obsessão espiritual nos convida a uma viagem interior em busca da iluminação, e o interessante é que não estaremos sozinhos nesta viagem, pois há alguém nos chamando a atenção, embora com métodos que não concordamos. Mas, a solução está aí, está em cada um de nós. Eu sei que todos nós gostaríamos daquele remédio que a mamãe trazia quando adoecíamos, sobre o qual nunca lemos a bula. Hoje, podemos consultar essa bula na internet ou na caixa do próprio medicamento. Independentemente da fonte pesquisada, estará escrito, em letras garrafais: “CONHECE-TE A TI MESMO” – Uso contínuo e diário, eternamente.

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