Tatiana Amaro

Espírito Imortal.
Doce, amarga, pesada palavra: imortal!

Imortal, aquele que não morre.
Mas, não morremos tantas vezes em vida!?
Não morreremos tantas outras, em vida após vida?

E o que há de existir após tantas mortes em mim?

Sou dono de mim ou sou simples marionete das vidas que há em mim!?
Como espectador, vejo tantos Eus que me habitam.
Alguns, até ouso desmascarar…
Tantos outros, escondo-os de mim.

Enterro-os bem fundo.
Deposito pedras em cima. E ai de quem ouse tentar escavar-me…
Sou Espírito, sou imortal.
Ora pois, se não hei de morrer …
Se não hei de morrer em mim…
Como hei de viver?

Se me revelo,
Talvez o outro não goste.

Será que eu gostarei de mim?
Será que me reconhecerei?

Talvez melhor seja não mexer nessas coisas.
Tenho tempo…
Sou imortal!

E quanto tempo hei de ter?
Será mesmo muito, como acho crer?
E se for fugaz?
Se o tempo corre diferente nas dimensões…

Talvez seja melhor voltar,
Remover as pedras,
Revolver a terra,
Mexer em mim.

Só um pouco!
Uma “espiadinha”, somente, em quem EU sou.
Prometo-me descortinar apenas uma fresta deste Espírito. Nada além…

Bom…
Não foi como eu imaginava.

Talvez precise de mais,
De mais tempo,
De mais conhecer-me,
De mais revelar-me.

Gosto? Não gosto?
Saberei do que gosto?

Por horas, sombras,
Por vezes, luz.

Revelo-me.
Conheço-me.
Aprendo sobre mim.

Gosto de conviver comigo.
Aprendo a conviver comigo.
Percebo-me potencialidades.

Dou-me conta de ter-me,
De um vivido tão lindo,
Único.
Meu!
Sofrido, por vezes.
Mas, vencido.
Venço-me frequentemente.

Já não sei mais caminhar sem mim.
Dou as mãos ao meu EU.
Me vejo Espírito, vejo-me humano,
Vejo-me gente.

Somos todos!

Converso, trabalho, estudo,
Sigo conhecendo-me e
Desperto.

Recubro-me de tempo,
E de experiências.

Convivo e integro.
Integro saberes.
Integro-me.

Nem por fim, nem por começo,
Por intermédio.

Ouso-me.
Ouso ser eu. Eu imortal.

E imortal que sou,
É hora de voltar.
Reencarno pessoa, humano, como sempre fui.
Como nunca deixarei,
Deixei,
De SER.

Nem lá, nem cá.
Somente pessoa.

Somos todos espíritos,
Somos todos pessoas.
Espíritos são pessoas.