Fábio Neves
Em um mundo nunca dantes tão veloz, em uma sociedade como sempre tão algoz, não é fácil ser bem-sucedido naquilo que realmente importa e se faz duradouro. Juntar tesouros na Terra, seguidores nas redes sociais, ostentar uma vida de prazeres fluidos e fugazes, nunca foi tão fácil. Ter um milhão de amigos e viver sozinho diante de tantas demandas oriundas das telas. O filósofo grego Sócrates já dizia “Tome cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais”. Essa frase foi citada há pelo menos dois mil e quatrocentos anos. Mas por que parece ser tão atual?
Nós estamos medindo a felicidade com o olhar da matéria e perdendo a conexão com a nossa essência. Hoje, somos tomados pela superficialidade, pelo externo, pelo excesso, pelo exibicionismo e por uma quantidade gigantesca de informações e de contradições que é difícil identificar e integrar os verdadeiros valores que possam dar base a uma existência plena e pacífica. Bert Hellinger, alemão criador da constelação familiar, afirmou que “Não é o muito que sacia e, sim, o essencial.” Mas, o que é essencial para nós, quando nos percebemos Espíritos imortais nessa fantástica jornada evolutiva?
Escolhemos o nosso caminho. Nossos valores e nossas ações definem quem somos, definem nossa sintonia e nossa jornada. Todas as grandes coisas são simples e muitas podem ser expressas em singelas palavras: afeto, alegria, compaixão.
O termo afeto tem sua raiz na palavra afficere, que corresponde a afetar e significa fazer algo a alguém. Então, o afeto realmente afeta aqueles a quem é direcionado, e se estabelece uma ligação espiritual, na qual ambos se alimentam, em reciprocidade, das mais belas e positivas energias da vida. É a partir do afeto que se demonstram emoções ou sentimentos, deixando a vida mais leve e mais poética. De nada adiantam orações vazias a um deus distante se você não consegue afetar positivamente aquele que está ao seu lado. O escritor e dramaturgo inglês, William Shakespeare, escreveu que “As palavras sem afeto nunca chegarão aos ouvidos de Deus”.
A alegria, outro grande valor espiritual, não está nos acontecimentos da vida, nos fatores externos e nem pode ser obtida de fora para dentro. Ela brota no mais íntimo de cada um de nós, cresce à medida que a compartilhamos com aqueles que nos cercam e floresce, dando, à vida, o colorido e a leveza que necessitamos para trilhar o caminho do crescimento pessoal. O bom humor e a graça são características de Espíritos evoluídos. Há um provérbio japonês que diz que “a felicidade vai em direção aos que sabem rir”, e compartilhar essa alegria faz toda diferença. O escritor português Alexandre Herculano dizia que “O segredo da felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos outros.”
Costuma-se afirmar que todos os grandes Espíritos têm, como ponto comum, a compaixão. A nobre capacidade de se colocar no lugar do outro, exercendo um sincero desejo de ver, aliviados, os sofrimentos e as dores alheios. É um valor do Espírito, que de nada adianta se permanecer na teoria e no campo das ideias. Esse valor, a compaixão precisa de atitudes concretas e de realizações práticas refletidas em todos os nossos pensamentos e ações. Arthur Schopenhauer, filosofo alemão, dizia que “A compaixão, sozinha, é a base efetiva de toda a justiça livre e de toda a caridade genuína.”
Quem não conhece os valores espirituais, ainda conhece pouco da vida.