Adenáuer Novaes
A reencarnação implica na formação de novo personagem em face da mudança de realidade que o Espírito enfrenta e forja. A cada reencarnação um novo personagem surge, sem prejuízo à individualidade do Espírito. O personagem morre quando o Espírito inicia nova experiência na dimensão seguinte, independentemente de ele conservar a memória das imagens referentes à sua identidade anterior. Trata-se de mecanismo cujo resultado é a existência de um espectro de personagens abrigados no perispírito do Espírito que lhe trazem uma maior compreensão a respeito da natureza humana e de Deus.
Impõe-se uma compreensão mais específica da reencarnação com a percepção do que reencarna, sobretudo o entendimento da relação Espírito com seu personagem, sem o que se torna difícil perceber a natureza espiritual do ser humano e do que é ser imortal. A personalidade atual não é a anterior reencarnada. O Espírito que constitui a personalidade anterior, da mesma forma que constitui a nova, é que reencarna. São duas distintas personalidades de um mesmo Espírito, que, por sua vez, possui muitas outras gravadas em sua memória. A mudança de personalidade, com características muito diferentes uma da outra, não implica em alteração da individualidade. Mudanças biológicas, psicológicas e culturais não interferem na individualidade do Espírito.
A encarnação é processo obrigatório para a evolução dos Espíritos no nível de desenvolvimento em que se encontram aqui na Terra. Não é punição, não é descida nem involução, mas tão somente meio contínuo de conexão com um tipo de vibração denominada de material, para integração de habilidades. Graças à encarnação, o Espírito formou um ego que lhe deu consciência de si como individualidade. A reencarnação possibilita a vivência de inúmeros personagens, que também, entre outros ganhos, permite ao Espírito a percepção das distintas faces de Deus.
O personagem formado pela nova reencarnação guarda, no perispírito, que lhe presidiu a construção do novo corpo físico, a memória de experiências vividas anteriormente. Este novo personagem apresenta as tendências do Espírito, acumula a resultante das experiências que acontecerão na nova existência em um corpo, recebe as alterações oriundas das influências hereditárias que merece portar e é também influenciado pela educação doméstica e pelas contingências inerentes ao meio e à época. Todas estas características reunidas compõem a nova personalidade que o Espírito apresenta, dando continuidade à sua evolução.
As memórias das experiências dos personagens anteriores vividos pelo Espírito influenciam a personalidade construída na nova encarnação, apresentando-se no formato de tendências, podendo, ou não, influenciar em escolhas de profissão, de acasalamento, de religião, de local de moradia, portanto, em todo tipo de preferência e de decisão do Espírito. Os personagens anteriores vivem dentro do atual, tornando-o um ser alquímico e complexo com características que se misturam, formando o que conhecemos como sendo a natureza humana.