Aline D’Eça
Eu sou resultado de tudo que já vivi. Uma só vida não consegue me definir. Se pudesse voltar no tempo para investigar a origem de todos os sentimentos que tenho, de todas as aptidões e habilidades, de todos os defeitos e de todas as qualidades, de tudo que sou, teria que vencer a barreira do nascimento, pois muitos deles adquiri antes do ventre.
Às vezes, quando fecho os olhos, vejo além do que eu sou. Vejo-me em outro corpo, com outro sexo, em outra época, em outra cidade, mas ali estou de verdade. Alguns chamarão de tolice ou de ilusão, mas para isso eu encontrei uma explicação: eu sou um Espírito reencarnado.
Os rostos e nomes que tive escondem-se atrás do véu do esquecimento. Mas a essência, o que tenho de bom e de mau, não está no corpo, mas no Espírito. Quem eu sou hoje revela quem eu fui ontem e define quem serei amanhã. O meu corpo é perecível como outros tantos que já tive como Espírito; sou imortal.
Estou destinado à perfeição, mas ela não se adquire em uma só vida. Por isso, necessito sempre de uma nova oportunidade no corpo material. Instrumento valioso, mas que se desgasta e não se renova, o corpo carece substituição. Depois de viver uma existência material e após a morte do corpo atual, precisarei nascer de novo para dar continuidade à minha jornada de evolução. É assim que acontece com todos os espíritos: existências e mais existências até que se alcance a relativa perfeição.
Exatamente. A casa experiência reencarnatória, assumimos um novo personagem, no processo constante de evolução.