Autora: Laíza Oliveira
Para voar é preciso reconhecer as asas. Assim, também para viver como Espírito, o Ser Humano precisa antes reconhecer a sua própria essência e sua condição de imortal. Desde o século XIX, quando os curiosos movimentos das mesas girantes chamavam a atenção em toda Europa e despertaram o olhar de Allan Kardec, pseudônimo do educador Hippolyte Léon Denizard Rivail, levando-o a se questionar sobre o que estaria por trás daqueles fenômenos, este tema tem sido motivação para muitos estudos. Haveria de ter uma causa inteligente para um fenômeno inteligente. Tal axioma que motivou estudos sérios e sistematizados, que mais tarde revelaram então, não apenas a existência de uma inteligência além da matéria, o Espírito, como também sua origem, natureza e relação com o mundo material, marcando o surgimento da Doutrina Espírita.
Muito se falou sobre o Espírito desde então. Mas, você já se perguntou quem é você, Espírito? “Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Eles povoam o universo além do mundo material”, é como encontramos em O Livro dos Espíritos. Resposta que nos permite defini-lo como algo que foge ao sobrenatural, mas que por muito tempo permanece associada a figuras desencarnadas atribuídas como mentores ou obsessores dentro de um conceito de bem e de mal, enviesado pela moral e pelo religioso. Mesmo nos dias de hoje, ainda se faz necessário ultrapassar esses conceitos para que o Ser Humano possa integrar sua essência e se entender como uma representação do Espírito no mundo. Apenas mudando esse olhar sobre si mesmo, será possível atuar como agente da própria vida e viver como Espírito imortal e livre.
Mesmo no meio espírita, onde é possível lidar tranquilamente com o Espírito como aquele ser que se comunica, que sobrevive a morte, que nos auxilia ou que precisa de caridade, é possível perceber um olhar para fora, distante ainda de um reconhecimento da sua própria natureza, como se ser Espírito fosse uma condição apenas daquele que desencarna e vive em outros planos existências. Pouco se reflete acerca de si mesmo, saindo da crença para um verdadeiro sentir, para daí, ao reconhecer sua verdadeira identidade e suas diversas potencialidades, experimentar a Vida em todas as suas dimensões e nuances, com o olhar de quem se reconhece como Espírito imortal.
O Ser Humano é resultado de um processo evolutivo, através de uma constante interação do princípio espiritual, com sua propriedade de coagulação e de se projetar na matéria, que ao passo que evolui impulsiona a própria matéria, fazendo surgir organismos cada vez mais complexos de acordo com suas necessidades, através dos milênios de estágios nos reinos na natureza. Hoje em sua versão mais complexa, constitui-se numa tríade: Espírito, perispírito e corpo físico, que através das reencarnações, segue vivendo e aprendendo com as experiências de cada personagem, construindo e moldando a realidade em favor do seu processo evolutivo, o qual se dá através da integração de habilidades. Viver como Espírito é possível em qualquer que seja a condição, independente de estar num corpo físico ou não.
Para se perceber Espírito é preciso uma inversão no olhar para si mesmo e para Vida. Um olhar de Espírito para a matéria. Dessa forma será possível se enxergar enquanto essência, bem como compreender a realidade a seu redor e tudo que lhe acontece, como a expressão quem se é. Integrar a condição de Espírito imortal é caminho para vencer o materialismo, para se tornar senhor do tempo, mudar sua forma de enxergar o outro, para aprender com as experiências independente das emoções que gerem e para muitas outras habilidades, para autodeterminar-se e estar em sintonia com o Divino. O Espírito é senhor da sua evolução, responsável por tudo que constrói e realiza. E quando tudo isso ultrapassar a crença e for integrado encontrando sintonia com o sentir e agir na Vida, o Ser Humano terá alcançado a condição de viver como Espírito.