Autor: Sheldon Menezes
É inegável que a sociedade vem transformando a sua concepção a respeito da sua essência. Mesmo que lentamente, percebe a incapacidade de compreender a vida e o viver apenas sob a ótica materialista. Por todos os cantos, o espiritual tem ganhado mais espaço, apesar das condições humanas, sob diversos aspectos, ainda serem muito precárias em vários lugares ricos e pobres do mundo, sendo difícil para as pessoas se perceberem até como seres humanos, criaturas de um Criador. Muita gente ainda vive mergulhada em si mesma, nos limites da própria existência corporal, nos problemas pessoais e de sobrevivência.
Perceber-se espírito, então, demanda uma reflexão mais profunda, ampliando a mente e saindo de um condicionamento que se transfere de geração a geração, mas que se mostra incapaz de explicar o vazio desse modelo e que se utiliza da sorte e do acaso como razão para os acontecimentos da vida, como se isso fosse mais lógico para contemplar a complexidade de tudo.
Não é fácil reconhecer-se como espírito imortal, tendo que assumir o papel de artífice de si mesmo, sem responsabilizar os outros, a vida, Deus ou o que quer que seja, principalmente, pelo que nos ocorre de desagradável, visto que bom ou ruim são relativos. Quando o indivíduo se descobre espírito imortal e responsável por tudo que ocorre a si próprio, certamente é um dia terrível, porque terá que romper com uma construção mental forjada ao longo de inúmeras encarnações, mas também será um divisor de águas para o espírito que se é, com a ampliação dos horizontes a uma escala jamais imaginada. A transformação se dá em todos os aspectos, no modo de ver as pessoas e o mundo, no seu relacionamento com tudo ao seu redor e mais além.
Se o reconhecimento de se ser espírito imortal, atravessando as encarnações para construção de habilidades e competências, não é fácil, que dirá de se viver como espírito. Mas aí vão algumas dicas:
1- Ter coragem para enfrentar o novo, pois nos acostumamos com a ideia de que estamos à mercê de tudo. Tomar as rédeas da própria vida. O medo é fruto do desconhecimento.
2- Ter consciência do papel na sociedade como agente transformador de si mesmo e do próximo.
3- Ter plena certeza de que tudo concorre para nosso constante aprendizado. Sendo assim, o bom e o ruim ganham dimensões distintas da compreensão geral das pessoas.
4- Estar conectado com o sentido da própria encarnação, sabendo que tudo tem uma razão de ser.
5- Descobrir quem se é, independente do que os outros acham ou pensam a seu respeito.
6- Aproveitar ao máximo as experiências pessoais e daqueles que estão ao nosso redor.
7- Respeitar o corpo, cuidando da saúde em seus diversos aspectos, com a convicção de que ele representa o espírito na encarnação.
8- Aprender a conectar-se a Deus, Fonte Criadora de tudo, como sua criação, sem a necessidade de intermediários, de forma simples e direta.
9- Saber-se um ser político, sem permitir que fanatismos partidários interfiram no respeito ao posicionamento do outro. Exercer a cidadania, exigindo respeito aos seus direitos e aos das demais pessoas.
10- Ter a paz interior para se perceber espírito numa sociedade materialista, com pessoas incapazes de se reconhecerem como tal, mas que também estão em uma longa jornada de aprendizado contínuo.
O mais importante nesse processo de se viver como espírito é a busca contínua pessoal e intrasferível de se perceber como um espírito imortal, com inúmeras encarnações vividas, que forjaram quem você é, e outras tantas a serem vividas, num longo caminho de evolução.