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Obsessão: Um olhar sobre nossas sombras

Autor: Carlos Doria

Obsessão, classicamente, é a ação de um Espírito inferior que procura prejudicar uma pessoa. Porém, não podemos esquecer que os Espíritos desencarnados também são pessoas, indivíduos portadores das mais variadas personalidades, defeitos e qualidades, ou seja, de todas as idiossincrasias pertinentes ao gênero humano. Generalizá-los induz à falsa crença na existência de um grupo específico de Espíritos voltados, única e eternamente, para o mal e que os encarnados que sofrem os processos obsessivos não passam de pobres vítimas inocentes. O Livro dos Espíritos, em sua Questão 474, nos traz a importante ressalva de que a obsessão jamais ocorre sem a participação de quem a sofre, sendo a imperfeição moral do próprio obsidiado, segundo o item 46 do capítulo XIV de A Gênese, a causa central do processo obsessivo.

Ao nos percebermos envolvidos num processo de obsessão, devemos lançar, em primeiro lugar, um olhar para dentro de nós mesmos, buscando o ponto de desequilíbrio íntimo, a brecha psíquica que deu azo a tal acontecimento, para assim, lidar com o Inconsciente e os elementos nele contidos, enfrentando as circunstâncias que nos incomodam e, desse modo, alcançar o incremento do autoconhecimento, visando, a partir desse ponto, a adquirir novas habilidades para enfrentar, de forma inédita e resolutiva, os desafios que as situações vividas repetidamente nos propõem.

Dentre os vários aspectos que podemos destacar no Inconsciente do indivíduo, sem nenhuma dúvida, a chamada Sombra tem papel relevante nos fenômenos obsessivos por representar tudo o que desconhecemos ou negamos dentro de nós mesmos. Esse arquétipo, representante do obscuro em nós, aponta para o bem e o mal que ainda não conscientizamos em nossas existências. E, mais do que isso, ao projetarmos nossas próprias características sombrias nos outros, passamos a considerá-los moralmente inferiores a nós ou, de forma oposta, criaturas de estaturas morais elevadas e inalcançáveis, verdadeiros deuses e deusas.

O fato é que obsessor e obsidiado se sintonizam numa mesma frequência mental e, enquanto não ocorrer uma real transformação interior de ambos, a influência negativa mútua não cessará. Dentre os vários aspectos ditos sombrios, podemos destacar aqueles vinculados às mágoas, às culpas, aos medos e às inseguranças, ao orgulho, à vaidade, aos talentos e às capacidades não desenvolvidas, ao perfeccionismo, aos desejos e às paixões mal direcionados, às falhas de caráter, ao descontrole emocional, ao narcisismo, ao hedonismo, a todos os tipos de vícios e de adicções, às frustações e às perdas, ao egoísmo, ao materialismo, à usura, à procrastinação.

Assim, o reconhecimento da própria Sombra, integrando-a à consciência, fortalece a personalidade e faculta ao indivíduo revelar-se como verdadeiramente é, sem esconder-se dos demais e, especialmente, não permitindo que os Espíritos que desejem influenciá-lo negativamente encontrem porta de entrada. Ser capaz de identificar em si mesmo os fatores sombrios que causaram o processo obsessivo, sem continuar a projetá-los no outro, mas assumindo-os como parte do nosso próprio caráter, mais do que evitar a obsessão, nos direciona no processo evolutivo e na integração de habilidades por parte do Espírito Imortal.

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