Autor: Djalma Argollo
O processo evolutivo à luz da Psicologia é, como o nome indica, um upgrade realizado no campo da psiquê. Como todos, encarnados ou desencarnados, só existimos na psiquê, cada mudança positiva nela apresenta-se como transformação para melhor, tanto na visão de mundo pessoal, como nos relacionamentos sociais.
Um bom exemplo é o que acontece quando descobrimos e realizamos em nós a certeza de que somos espíritos, ligados a um corpo. A nossa visão de mundo se altera de forma radical. Eis um aspecto do que essa transformação proporciona: “Quando me acontecia uma decepção, uma contrariedade qualquer, eu elevava meu pensamento acima da Humanidade, colocava-me por antecipação na região dos Espíritos e, desse ponto culminante, de onde descobria meu ponto de chegada, as misérias da vida deslizavam sobre mim sem me atingirem. Eu fazia isto tão habitualmente que os gritos dos maldosos nunca mais me perturbaram” (Obras Póstumas, comentário à mensagem 17 de junho de 1856).
A certeza da permanência da vida torna a existência um fator de aprendizado positivo. Por que positivo? Porque tudo que fazemos também de mal, de desequilibrado, é sempre fator de experiências. Todavia, a certeza da continuidade da consciência, vindo de um passado remoto e se projetando para um futuro inalcançável ainda às nossas especulações, nos faz encarar a existência em curso como oportunidade para um salto de qualidade evolutivo, ético e moral.
Hoje, à luz do conhecimento da estrutura e do funcionamento psíquico, que a Psicologia Analítica nos fornece, agregado aos conhecimentos sobre a alma, sua persistência além da morte corporal oportuniza meios e modos para cada um de nós ir muito além no processo evolutivo, do que conseguíamos antes com as religiões tradicionais. Para tanto, precisamos evoluir em nossa capacidade de análise crítica dos conhecimentos espíritas, para não estacionarmos em dogmas e posturas religiosas, que ainda imperam em nosso inconsciente, frutos de milênios de vivência na fé cega, e no autoritarismo fundamentalista.
Faz-se, pois, necessária uma evolução psicológica, importante, junto com a da imortalidade pessoal: a de que toda e qualquer verdade é relativa ao momento que se vive. E, tomando isso como princípio, estarmos prontos para fazer aquilo que é um princípio estabelecido em nossa ideologia espírita: “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará” (A Gênese, editora FEB, 2013, página 42). Isto significa uma radical evolução psicológica na forma de pensar e viver.
Isto é uma superação do estágio de idolatria de pessoas, livros ou ideologias. Da aceitação de verdades imutáveis e absolutas, ainda mais, salvacionistas, para o nível de mentes abertas ao progresso constante do conhecimento. Psicologicamente é um comprometimento com a mudança responsável, estar surfando a onda da impermanência da existência, construindo uma transcendência psíquica que nos levará, enquanto espíritos, a uma nova posição evolucionária, ou seja, ao patamar de uma consciência em permanente transformação para melhor.
Estamos passando por um periodo muito difícil, que está abalando toda a humanidade em todos os sentidos pessoal, emocional, psicológico, financeiro e principalmente no espiritual. Precisamos nos reconhecer como espírito e a responsabilidade da nossa moral íntima perante ao nosso Pai Celestial.
Passamos por vários estágios na escala de nossa Evolução.
Gratidão pelo compartilhamento deste texto, ele me ajudou muito na reflexão de algumas inquietações que estou passando.