Autora: Izolda Vieira
A frase atribuída a Jesus – “Não pensem que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” (Mateus 10:34) – nos remete, inicialmente, à ideia de que estamos frente a um paradoxo. E isso acontece porque pensamos: tal atitude não se coaduna com a imagem que foi construída historicamente daquele homem perpetuado como um mito da paz. Contudo, uma reflexão mais abrangente nos leva a perguntar: mas… de que paz, ele fala? Qual seria o significado da espada? E, se há um paradoxo, como se constitui? Várias foram as interpretações dadas a essa frase simbólica. Porém, sabemos, as interpretações, como resultantes de uma visão pessoal, singular, não satisfazem plenamente a quem busca, também, alcançar sua própria resposta.
Todo entendimento da mensagem de Jesus deve levar em consideração algumas premissas básicas da sua pedagogia, tais como: integrar a imortalidade, desbloquear a rigidez mental, aprender a se interiorizar, semear a dúvida. Portanto, a sua proposta era a autotransformação, a autodeterminação. Condição necessária para a construção da paz interior.
Assim, a espada rasga as crenças aprisionantes, dilacera padrões de comportamentos que necessitam serem revistos, ressignificados. Abre-se a perspectiva de uma mente na qual a flexibilidade instigadora seja a tônica; o que exige determinação, assertividade.
A paz é um estado de espírito construído através de uma crise na qual questionamos tudo, todos e, principalmente, a nós mesmos – uma “parada” em uma estação de revisão, de análise, de aceitação, de interiorização. E… quando reiniciamos a viagem, embora sabendo que outras estações nos esperam, alcançamos um estágio impulsionador para o equilíbrio e a harmonia no nosso relacionar-se. Não se trata de um estado de paz permanente, inalterável, mas sim, a busca por mais uma “parada”. A paz é construída em cada instante, em cada olhar, no pulsar da vida.
Contudo, convém ressaltar que o significado da paz, normalmente, está sempre associado a um ato humano, alguma atitude realizada por uma pessoa. E, nesse sentido, a história possui alguns exemplos de ícones que se notabilizaram por sua conduta na defesa dos Direitos Humanos: Dalai-Lama, Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Malala Yousafzai, Ângela Davis e tantos outros. Embora cada um deles, a sua maneira, tenha lutado pela inclusão da harmonia entre as relações interpessoais e o equilíbrio da sociedade, quando trago a frase simbólica de Jesus de Nazaré, minha intenção é ressaltar a paz como uma atitude transformadora.
A consciência plena da imortalidade do Espírito atua como fator determinante na construção da harmonização interior, na aceitação de si mesmo e no anseio de uma íntima conexão com o Divino. A mortalidade do personagem, que acontece a cada encarnação, vista tão somente como mais um capítulo na jornada espiritual, nos ensina a desapegar-se para atingir uma melhor compreensão dos desígnios do Criador.
E, assim, seguindo a jornada da construção da paz, vamos nos habilitando a viver em consonância com nosso propósito maior, com a nossa essência divina. Autodeterminados a encontrar a intimidade da nossa alma.
A maturidade do Espírito requer buscar experiências nos diversos campos de sua existência – familiar, profissional, social, ético, espiritual. Seu viver não se restringe a um único aspecto, mas à total complexidade da vida, através da qual, gradualmente, irá integrando as habilidades que necessita para atingir novos patamares evolutivos. Essas múltiplas experiências vividas e integradas plenamente possibilitarão ao Espírito inteirar-se da sua energia divina, podendo atuar no progresso social, como um agente de transformação.
A conexão com o Criador promove o desejo de fazer o bem, o impulso para servir, a empatia pelo outro, a união entre as criaturas. A essência da luz emitida pelo Espírito pode ser manipulada em prol da construção de uma tendência universal à harmonia, a uma cultura da paz. O foco da consciência colocado para o favorecimento do Amor, do Equilíbrio, do Bem, da Paz define o espírito usando sua capacidade de ser cocriador.
Excelente reflexão!
Ótima reflexão!
Devemos estarmos conectados sempre com as boas energias para a paz permanecer na nossa vida. E seguir com nosso proposito na terra.
A busca da paz interior deve ser um exercício diário. Orando e vigiando os nossos atos e ações.