Autora: Isabel Guimarães

Segundo Allan Kardec, o espiritismo se sustenta em três ramos do conhecimento: Filosofia, pois trata do sentido da existência em proposta reencarnacionista e evolucionista; Ciência baseada na construção de um campo teórico e de uma práxis que busca explicar os fenômenos que envolvem a existência dos espíritos e o intercâmbio mediúnico; e Religião centrada em um proposta ética cristã e na ligação direta do ser humano com Deus.

Na concepção espírita, a trajetória humana não é uma história de salvação seja no aqui agora ou no futuro, como prega o cristianismo tradicional, mas uma história de evolução. Nesta perspectiva, a educação do espírito é a essência da filosofia espírita. O espírito, criado por Deus simples e ignorante, guarda em sua estrutura íntima as potencialidades para alcançar a condição de se apropriar do seu destino como princípio inteligente do universo, assim como a semente guarda em si a árvore que um dia será, o espírito através do aprendizado nas múltiplas encarnações armazena no períspirito a resultante dessas experiências.

O períspirito, como elemento sutil de ligação entre o corpo físico e o espírito imortal, funciona como repositório da memória dos espíritos, desde os primórdios da evolução até os dias atuais. A mente se expande ampliando a consciência e permitindo que o espírito pouco a pouco adquira domínio pleno de si mesmo.

A educação do espírito pode então se dar por duas vias: a formal e a vivencial, sendo que ambas se expressam de forma indistinguível na personalidade que o ego consegue expressar. A cada encarnação, ele vai desenvolvendo e aperfeiçoando habilidades e competências que vão compor o personagem da próxima. Não é a experiência em si que proporciona o conhecer, mas a resultante da experiência, por isso, em qualquer área que o espírito se dedica intensamente, o conhecimento apreendido fica armazenado na memória perispiritual, e pode ser evocado e/ou se expressar em maior ou menor grau de acordo com a capacidade ou necessidade do espírito.

“A educação é certamente o caminho para enriquecer os atributos do períspirito porque todos os nossos sentimentos e pensamentos, palavras e obras, nele se refletem, gerando consequências felizes ou infelizes, pelas quais entramos na intimidade da luz ou da sombra, da alegria ou do sofrimento” (Emannuel).