Autor: Plinio Bevervanso
Quantas vezes já pensamos, mesmo que vagamente, sobre o que significa ser imortal?
Passamos por diversos conceitos de imortalidade nas diferentes fases da nossa vida, desde criança até termos idade para entender que o corpo físico não é perene, vivenciamos, por diferentes perspectivas, o que é ser imortal!
A nossa imortalidade como processo de eternização dos aspectos individuais de cada um de nós, inicia-se a partir do quanto afetamos o outro nas relações interpessoais decorrentes de nosso dia a dia e como ficam registradas estas experiências para cada pessoa com as quais nos deparamos e interagimos. O psiquismo de cada indivíduo está repleto de registros de pessoas e situações imortalizadas ao longo do tempo por terem, de alguma forma e intensidade, impactado o outro.
É mais que simplesmente saber que se é imortal, eterno e com superpoderes que nos permitem nunca morrer de verdade! Ser imortal é ter consciência de que estamos em movimento de vida constante, que não tem um final definido e que tudo, sem exceção, é fase desta vida na perspectiva da imortalidade. Sendo assim, afinal, como podemos nos perceber em processo educativo como imortais? Quanto já sabemos? Quanto precisamos saber para perceber que na realidade ainda temos muito a aprender? Enfim, qual a consequência, em nossa percepção, sobre a educação do Espírito ao partirmos do pressuposto de nossa imortalidade?
Penso que a própria autopercepção da imortalidade é resultante de um importante processo educativo e que geralmente demanda diversas revisões de preceitos individuais adquiridos seja pelo contato com a cultura na qual cada um de nós está inserido, seja pelo conjunto de crenças e valores que construímos ao longo da caminhada.
Esta questão vai além de saber que somos Espíritos imortais, pois carece de percebermos efetivamente que somos estes Espíritos imortais que afirmamos ser e, além disso, de que precisamos nos sentir Espíritos imortais. Sentir é algo mais amplo e que depende de experiências e vivências intensas com a questão da imortalidade para que gradativamente seja integrada ao nosso psiquismo de maneira a se tornar a percepção natural da nossa realidade e aí sim, podermos sentir que somos este Espírito imortal que entendemos ser e que precisamos vivenciar!
O processo educativo pelo qual passamos ao longo das experiências em vidas distintas através do qual temos contato com diversas culturas, experiências e uma variável quântica de outros Espíritos imortais como nós, nos permite ampliar a percepção do mundo através da aquisição de conhecimentos que vão sendo integrados ao nosso conteúdo perispiritual à medida em que conseguimos colocá-los em prática e experienciá-los nas mais distintas situações e passam a formatar o que costumo chamar metaforicamente como nosso cinturão de habilidades.
A cada ciclo de vida, mesmo aqueles ciclos passageiros e rápidos que parecem não nos deixar muito conteúdo, temos disponíveis diversos conhecimentos, experiências e vivências que constituem um patrimônio individual de aprendizagem e por consequência lapidam nossa educação pessoal, formatando um repertório que nos permite estar preparados para as experiências seguintes, já com diversos registros que certamente nos proporcionarão uma nova leitura, distinta da realizada na situação anterior.
Este conjunto de repertórios que vamos adquirindo ao longo da vida e que conseguimos apreender a partir de repetições e da atenção, não apenas dos sentidos do corpo físico, mas também das percepções sentidas e subjetivadas pelo nosso psiquismo, passam gradativamente a serem integrados como novas habilidades que, por sua vez, ampliam nossa visão da realidade e permitem um ciclo virtuoso de apreensão de novas experiências fomentando nossa evolução!
Assim, ao nos percebermos e nos sentirmos verdadeiramente como Espíritos imortais, podemos nos proporcionar uma educação com o olhar desta perspectiva, de imortais, que trazem, a cada ciclo de vida, habilidades construídas ao longo do tempo, em vidas anteriores, e que se encontram disponíveis em nossos conteúdos próprios, e, ainda que inconscientes na percepção da personagem vivida no momento, estabelecem um lastro importante para nossas atitudes e escolhas em nosso dia a dia.
Estarmos atentos a como estamos nos educando, quais os conteúdos e experiências estamos escolhendo em detrimento de tantos outros que acessamos diariamente e quanto estamos reconhecendo de nossas limitações reais relativas à habilidades que ainda precisam ser integradas, parece ser uma importante atenção na proposta de evolução do Espírito e, portanto, merece nossa atenção concentrada!
Que tal então se, a título de exercício, passarmos a perceber nossas limitações e desafios enfrentados como oportunidades de integrar ou reconhecer estas habilidades ainda não disponíveis em nosso agregado humano?
Que tal buscarmos conscientemente caminhos e escolhas que possam, de alguma maneira, potencializar estes conteúdos em nosso lastro de repertórios na caminhada evolutiva à qual estamos determinados e que constitui nosso processo educativo como Espíritos Imortais?
A proposta é que possamos seguir aprendendo e integrando habilidades, tirando o melhor de cada experiência e ampliando nosso lastro de aprendizado a partir da certeza de que os conteúdos integrados e convertidos em habilidades seguirão em nosso agregado humano como aquisição evolutiva do Espírito imortal que somos!