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Família: processo educativo do Espírito

Autor: Izolda Vieira

A família é um campo de aprendizagens para o Espírito reencarnante, uma vez que neste convívio ele vivenciará possibilidades de desempenhar importantes papéis para sua evolução, integrando habilidades e consolidando estruturas psicológicas necessárias a sua existência no corpo físico. Portanto, falar de convívio familiar é falar de educação para o Espírito. Tal perspectiva fica bem clara no livro Evangelho e Família, de Adenáuer Novais¹.

Dentro desse contexto, Adenáuer coloca o Evangelho como um “guia precioso” que pode auxiliar na compreensão dos complexos, problemas que envolvem as relações familiares. E isso se torna possível porque, mesmo que o Evangelho tenha sido escrito por pessoas e, por conseguinte, sujeito às contingências do momento pessoal e histórico de cada um, traz, em suas entrelinhas, a mensagem da imortalidade, do encontro com o divino interior e da autotransformação, tão necessária ao ser humano na busca por seu “reino dos céus”.

“Jesus trouxe ideias que podem nos levar ao entendimento de que a vida em família é um sistema possível, no qual a convivência e o auxílio mútuo podem proporcionar a felicidade ao grupo de espíritos que dela fazem parte. Suas ideias penetram o Espírito fazendo com que este olhe para si mesmo, mostrando-lhe que a Vida é mais do que o corpo e do que sua exclusiva felicidade. ” (NOVAES, 2004, p 9/10)

O autor nos convida a um mergulho em uma possível família na qual todos são corresponsáveis pelo bem-estar do grupo, chamando atenção, contudo, para o fato de que a mensagem do Evangelho deve ser passada, sobretudo, pelo exemplo, pelo comportamento, por sentimentos, uma vez que as atitudes dizem mais que qualquer palavra, respeitando, também, os limites de cada membro do grupo.

“A luz do Evangelho pode cegar aqueles que não estão acostumados à claridade, por isso é preciso ter paciência para que eles se acostumem. É preciso mostrá-la em doses adequadas para que sua divina claridade não prejudique sua absorção” (NOVAES, 2004, P 10).

O evangelho precisa ser sentido e vivido como uma filosofia libertadora e transformadora, através da qual o “evangelizador” também percebe a si mesmo, ou seja, sua fala é, principalmente, dirigida a si mesmo. Se o entendimento da mensagem original, que lhe inspira, veio da escuta do seu coração, conseguirá afetar os outros, porque, como diz Adenáuer, é do nosso íntimo que “partem as intuições que nos elevam e nos fazem divinos”. Os valores que devem nortear nossa caminhada evolutiva brotam dessa instância singular da cada ser. “Foi dali que Jesus retirou sua mensagem de amor. Escutar esse canto divino pressupõe silêncio, humildade”.

Educar amorosamente, ter uma visão de totalidade e perceber o significado espiritual pleno da vida são as premissas pedagógicas básicas do livro. Premissas essas que devem estar presentes em todo ato educativo que olhe o ser humano na sua complexidade.

O livro narra também casos – produtos da prática de psicólogo do autor – que envolvem conflitos familiares e que são analisados à luz da sabedoria implícita no Evangelho, da Psicologia Analítica e do Espiritismo. São temas bastante reflexivos que evidenciam que a transmissão de valores no núcleo familiar não se realiza apenas pelas palavras ou atos, mas, principalmente, pelo sentimento que se manifesta nas expressões corporais cotidianas dentro da família e nas conexões que seus membros estabelecem mente a mente, espírito a espírito. Relações sutis não sujeitas às barreiras condicionadas pela matéria e pelo ego. Sentimentos que se tornam mais relevantes por serem transmitidos de forma inconsciente, em virtude de nos ligarmos uns aos outros pelas imperceptíveis e sutis vibrações do Espírito.

Ler o Evangelho e Família é penetrar em uma aura de fraternidade, na qual nos irmanamos e somos conduzidos por um manual de sabedoria e princípios direcionadores do processo de evolução espiritual. Vivenciar seu conteúdo nos leva a retirar o véu que impede o Self de prevalecer no processo de crescimento psicológico e espiritual. Isso ocorre devido à interpretação feita pelo autor de forma coerente e contextualizada dos símbolos e arquétipos, presentes na mensagem de Jesus.

¹NOVAES, Adenáuer. Evangelho e família. Salvador: Fundação Lar Harmonia, 2004

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