Adenáuer Novaes
O poder do Espírito é inimaginável, comparado ao de um simples átomo, cuja fissura pode liberar uma quantidade enorme de energia, com a possibilidade de causar destruição ou ser, adredemente, transformada. Isso advém da inteligência humana, portanto, de seu poder de manejar a matéria a seu favor. Se, na matéria, há tamanha quantidade de energia, que dirá na intimidade do Espírito. Seu poder vai além da crescente habilidade em lidar com a realidade, adaptando-a às suas necessidades, pois se estende a se capacitar para transcender, provocando o despertar de uma nova aurora, na qual pode exercitar, de forma mais direta, os próprios poderes. Como se encontra ocupado com a matéria, o Espírito ainda não percebe seus poderes, os quais podem ser acionados a qualquer tempo, sobretudo para o bem de si mesmo, do próximo e da sociedade.
Desde a Aurora Consurgens, a partir da qual o Eu se impôs ante uma nova dimensão da realidade, o Espírito vem descobrindo e integrando, à sua essência, um certo poder de causar. Tal poder revela, gradativamente, a capacidade de o Espírito manejar, sobretudo sua manifestação, em dada dimensão existencial. Na longa jornada que empreende, ainda ignorante de si mesmo e submetido a diretrizes que procura compreender, vai integrando esse poder pessoal, inicialmente para uso externo, a fim de vencer o que considera desafiador. Posteriormente, mais maduro e menos ignorante a respeito de sua íntima natureza, experimenta aquele poder para fazer escolhas mais apropriadas e contribuir para o bem comum. Nesse ponto, passa a descobrir sua importância na constituição de uma sociedade com melhor qualidade de vida para todos e mais espiritualizada.
O Espírito utiliza a mente que, por sua vez, dirige o corpo físico, para integrar habilidades evolutivas. Com a mente, independentemente do corpo físico, o Espírito maneja fluidos que abundam no Universo e que têm inúmeras utilidades, de acordo com propriedades que lhes são inerentes. Há fluidos que servem para promover a vida orgânica, há os que se apresentam como modalidades de energia (elétrica, calorífica, magnética, solar, eólica, gravitacional, hidráulica, radiante, química, mecânica, psíquica, sonoro, nuclear etc.), cuja utilização produz movimento e trabalho. Um dos fluidos de que o Espírito pode se utilizar, cuja propriedade principal é reorganizar a matéria orgânica que compõe os órgãos do corpo físico, é o fluido vital, também conhecido como fluido de cura. A mente dirigida ao propósito de curar o mobiliza para que doenças sejam eliminadas, dores aplacadas e para que o bem-estar físico aconteça. Pode ser dirigido ao próprio corpo ou ao de outra pessoa, acionado pelo desejo intenso de promover a saúde. O poder de mobilizar fluidos de cura independe do estágio moral de desenvolvimento espiritual do indivíduo.
Como expressão do poder do Espírito, sua inteligência já o fez atingir progressos para a civilização, mesmo que ainda conviva com guerras e com atrocidades cometidas contra pessoas. Essa inteligência, que domina a matéria transformando-a em energia a serviço do bem coletivo, é a mesma que ainda se utiliza de atos terroristas que explodem pessoas, matando muitas outras, interrompendo o ciclo natural da existência no corpo físico. Mesmo assim, não se pode culpar a inteligência pela barbárie, pois é exatamente sua falta, a ignorância do Espírito, que ainda não aprendeu a amar, que a provoca. Basta que se identifique a maturidade do Eu, quando é capaz de compreender um ser que o fere, que o agride e que o prejudica, compreendendo-o e perdoando-o, para entender que o atual estágio de desenvolvimento civilizatório denuncia alto poder do Espírito. (Novaes, Adenáuer. A continuidade do Eu, cap. 25, O Poder do Espírito, p. 266/267, ed. Fundação Lar Harmonia, 2024)
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