Ricardo Plenas
Afeto, alegria e compaixão desempenham um papel importante em nossas vidas e relacionamentos. São expressões possíveis a cada ser humano. É a partir delas que a Vida acontece.
Costumo pensar que qualquer sentimento que nos afeta tem a potencialidade de se transformar em um afeto genuíno. O afeto permite que outras pessoas se conectem a nós, assim como nos sentirmos conectados a elas.
Costumo pensar que a alegria nada mais é do que momentos de satisfação plena, em que vivenciamos as experiências com entusiasmo. Talvez um dos grandes desafios no íntimo de cada um seja viver cada vez mais experiências que proporcionem momentos de satisfação plena.
Costumo pensar que a compaixão é a emoção que sentimos quando somos convidados a olhar nos olhos do outro, quando conseguimos enxergar que ali está uma pessoa e nos perguntamos se, de alguma forma, poderemos ser úteis a ela. A compaixão nos leva a agir para ajudar pessoas, e é uma emoção importante para a construção de relacionamentos saudáveis.
Em conjunto, esses três valores do Espírito têm a potencialidade para melhorar nossas vidas e relacionamentos. O afeto nos ajuda a nos conectar com outras pessoas, a alegria nos permite desfrutar da Vida e a compaixão nos incentiva a deixar brotar sentimentos de empatia genuína.
A partir da perspectiva da Psicologia do Espírito, entendendo que, para além de um conceito abstrato sobre valores do Espírito, tão importante quanto é criar oportunidades para que esses valores sejam colocados em prática, vivenciados pelo Espírito.
A vida deve ser vivida! Parece óbvio e talvez soe como um certo ar de prepotência ou de redundância esta afirmação. Entretanto, o que percebo em mim, em pacientes e com quem convivo, é que, por vezes, nos esquecemos até mesmo das coisas mais óbvias.
Em teoria, por mais claro que seja a afirmação que a vida deve ser vivida, na prática, vale a reflexão se de fato estamos vivendo nossas vidas ou estamos “tomando emprestado” a vida dos outros para a construção de nosso destino.
Quero convidar o leitor a analisar seus relacionamentos interpessoais como campos férteis para análise e prática do afeto, da alegria e da compaixão.
Assim como uma bela canção que ouvimos pela “primeira” vez, mas que nos soa tão familiar, também é a experiência de nos percebermos Espírito, apenas estamos relembrando que somos o que somos.
Perceber-se não é a mesma coisa que sentir-se Espírito ou viver como tal. Para tanto, é condicionante um Eu maduro, um Eu capaz de compreender a importância de cada Personagem para o desenvolvimento do Espírito que se é.
Existe melhor campo para experiências da vida do que as relações interpessoais? Neste sentido, diversas são as oportunidades de gerarmos afetos, exercitarmos a alegria e o entusiasmo em viver, como também exercitar a compaixão.
Idas e vindas, nascer, viver, morrer, renascer. Muito são os personagens e muitos são os encontros, desencontros e reencontros durante a vida. Vale a pena perguntar, em qualquer tipo de relação: “Quem sou eu e quem é você, Espírito?”.
Quem consegue pautar suas relações para além das funções sociais (pai, mãe, irmão, filho, filha etc.), atualizando diariamente a resposta para a pergunta: “Quem é você, Espírito?”, aprendeu a viver as relações de Espírito para Espírito.
É o teste e reteste, buscando compreender se seria o caso de inflação do Eu, apenas teorizando ser e viver como Espírito, ou se, de fato, estamos realizando, em nossos meios sociais, habilidades, em tese, já adquiridas. Para tanto, devemos atualizar nossos afetos, experenciar nossa vida com alegria e compartilhar o que há de melhor em nós com compaixão. Este é o impulso.