Autor: Luiz Henrique Dutra
Inicialmente, vamos falar sobre a “nossa estrutura”, para que melhor possamos compreender a relação espírito-mente-perispírito-corpo físico e, na sequência, abordar a nossa relação com a mensagem de Jesus, buscando compreender a que convite ela nos atrai. O Espírito que somos atualmente é resultado do maior grau da evolução, na terra, que se originou da criação do Divino. O homem, então, é resultado dessa criação, que veio evoluindo, inicialmente enquanto princípio espiritual, manipulando os fluidos e agregando matéria, até ganhar razão, e alcançar nossa constituição atual, tanto do ponto de vista físico, quanto psíquico.
Essa estrutura, portanto, é composta de um Espírito, que se utiliza de um corpo fluídico, chamado de Perispírito (onde se localiza a Mente): aquele, ao encarnar, necessita desta estrutura semimaterial para conseguir se conectar a um corpo físico, de constituição muito mais densa que o Espírito. A Mente, portanto, é um aparelho do qual o Espírito se utiliza para poder se manifestar e se relacionar, enquanto encarnado ou desencarnado. É onde ficam os registros de todas as suas experiências vividas, sobretudo, aquelas de cunho emocional mais fortes que ficarão ali gravadas.
A nossa mente (ou nosso aparelho psíquico) é constituída de uma maior parte Inconsciente, que nutre a menor, Consciente, com elementos que permitem ao espírito se conectar com a realidade. A partir desse processo surge uma função primordial ao Espírito se identificar, que é o Ego, que além do importante papel de representação do Espírito, também promove a intermediação entre Inconsciente e Consciente. É natural que dentro dessa complexidade estrutural, o homem poderá, durante seu processo evolutivo, deparar-se com adversidades e conflitos, em que a sua superação, muitas vezes, o levará a conquistas de novas habilidades e, em outras, a registrar as experiências desagradáveis em seu inconsciente, em forma de complexos, por exemplo.
O fato é que o homem, impulsionado à vida pelo Espírito, bem como na busca de resolver seus conflitos, tem uma necessidade natural de transcendência, de ir em busca do divino, do sagrado. Ao longo de muitos anos, essa relação foi pautada pelo desconhecido e pelo uso inadequado, quando os que “detinham” o poder dessa relação utilizaram-no com o viés da submissão do humano ao divino, numa condição de inferioridade absoluta.
Jesus, então, vem ressignificar nosso entendimento sobre a relação com o Divino, nos fazendo um convite diferente. A atualização e correta interpretação da sua mensagem nos leva à adequada compreensão da nossa condição de Espíritos Imortais, o que ressignifica totalmente a nossa perspectiva sobre a existência.
Utilizando, como exemplo, em Mateus 5:44/ Capítulo XII E.S.E., quando ele diz: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”, Jesus está nos fazendo um convite a olharmos nossa sombra. Amar o inimigo é percebermos o mal que existe em nós, sem medo. É o maior ato de amor que podemos ter conosco, ao pararmos de projetar nossos conflitos nos outros e assumirmos nos descobrir, conhecer e acolher. Jesus, através da sua mensagem, vem nos trazer, para auxiliar-nos neste processo de perceber quem somos, qual nossa verdadeira essência. Se soubermos buscar este sentido no Evangelho, ao invés de nos amarar no viés dogmático, moral e religioso, seguiremos seu convite no caminho oposto, ao voo da liberdade.