Autor: Fábio Neves
Você já parou para pensar qual é o real significado de estigma e qual sua finalidade?
Meu primeiro contato com a palavra estigma surgiu há muito tempo dentro de um contexto estritamente religioso e carregado de significados um tanto nebulosos e, porque não dizer, sobrenaturais. A definição da professora e pesquisadora Rosana de Lima Soares retrata bem a minha sensação naquele primeiro contato com esse vocábulo. Ela afirma que “Pensados a partir de sua origem religiosa, os estigmas associam-se às cinco chagas de Cristo: sua presença atesta não apenas a santidade, mas também o pertencimento a um grupo especial. Esta escolha, longe de ser um privilégio, carrega em si obrigações e distinções.” (SOARES, 2009)
A palavra estigma tem como significado primário marcas de queimaduras ou cortes no corpo. Em algumas civilizações antigas, e particularmente na Grécia, onde o culto ao corpo e à beleza física era muito forte, uma pessoa estigmatizada era um ser com marcas. Essas marcas prejudicavam os atributos físicos e tiravam a beleza. Certas marcas também eram feitas para identificar escravos, como castigos e desonra. Nesse caso, as pessoas marcadas eram excluídas do convívio social.
Alguns estudos apontam que, com o passar do tempo e das reflexões sociais e históricas, as civilizações mudam, os estigmas mudam, mas não desaparecem. Seja por meio de marcas físicas ou por conceitos sociológicos, os estigmas sempre colaboraram para a segregação de determinados grupos de indivíduos, tornando-se um dos elementos formadores de preconceitos e de práticas de exclusão.
Para o sociólogo Erving Goffman, um estudioso do assunto, os estigmas nascem a partir de estereótipos e dos preconceitos criados pela sociedade. É como se esta tivesse um padrão para todas as situações e o estigma fosse a conduta ou aspecto desviante desse padrão social dominante.
No entanto, neste início do século XXI, a humanidade vem tomando consciência de que o ser humano é um Espírito imortal e deve contribuir para o despertar da autoconsciência, da autodeterminação e da autotransformação. A questão dos estigmas não deve ser vista apenas como limitação social ou deficiência física, pode ser um sinalizador das mudanças que necessitam ser empreendidas e integradas ao Espírito imortal.
Adenáuer Novaes, em seu livro Estigmas segundo a Psicologia do Espírito, afirma que um estigma é uma representação psicológica de parte da nossa personalidade que evidencia nosso passado em várias reencarnações. Ele afirma que o estigma não deve ser tratado como algo essencialmente negativo e nem com caráter pejorativo, mas deve ser visto como um sinal em que a vida indica aos indivíduos questões e demandas a respeito de si mesmo e das mudanças que devem ser empreendidas. Novaes declara que “Todo estigma se torna um dos sinais que contribuem para a percepção do Mito Pessoal.”
Portanto, nada deve ser visto com preconceito e sem finalidade na vida. Todos estamos sujeitos aos estigmas e, por piores que sejam, devem ser identificados e trabalhados para a percepção pessoal e para nossa evolução.
Parabéns Fabio pelo artigo esclarecedor sobre um tema desconhecido por muitos que nos acompanha durante nossa existência e afeta o psiquismo. Abraço meu amigo!
Penso( não sei se estou correta) que nossos estigmas mais profundos, aqueles que nem temos noção de que possuímos, são justamente eles quem ditam nossos comportamentos. Nossas reações diante de situações e tal… Mas por fim, tudo recai sobre o auto conhecimento como ferramenta de libertação do ser. Acessar e aceitar o agente seria libertador ao espírito. E ademais, mesmo os pontos positivos, impera saber o porquê agimos como agimos. Obrigada, Fábio! Fiquei reflexiva com seu artigo. Obrigada mesmo!
Oi Thaís, realmente o autoconhecimento nos ajudará tanto a identificar os nossos estigmas, como também aprendermos a lidar com eles. Leia o artigo da sessão Dicas da Revista, lá tem algumas dicas para identificar os estigmas, Muito bom!!!