Autor: Alan Nunes
Para quê a mediunidade? Será que seu único fim é o intercâmbio entre diferentes planos? Seria ela uma forma de comunicação mental apenas? Não. Apesar de ser tudo isso, a mediunidade é muito mais e pode ser utilizada para diversos fins. Um deles, e que nos interessa mais de perto neste momento, é de possibilitar o autoconhecimento.
Quando estabelecemos uma conexão com outro espírito, sabemos que o que se conectam são nossas mentes. Isto explica o fluxo de conhecimento, informação que sai do desencarnado e chega ao encarnado e possibilita a comunicação. No entanto, não é somente informação que transita entre estes dois polos, não mesmo. Muita carga afetiva também está envolvida e, tantas vezes, ela é tão intensa que ofusca o conteúdo intelectivo e se torna uma catarse das emoções do desencarnado. Isto se dá porque, na conexão mediúnica, os Complexos fazem a ponte emotiva entre as duas mentes. Assim, uma mãe desencarnada muito afetada por ter deixado os filhos sem os seus cuidados estará com complexo materno constelado, inflamado. Quando a conexão se processa, o complexo materno do médium irá se conectar com o da mãe desencarnada e ele sentirá a angústia, a sensação de que abandonou o filhos etc., como se fosse seu próprio sentimento, porque, em alguma medida, o é. São os seus núcleos afetivos que estão sendo ativados naquele momento, são suas dores, receios, “traumas” relacionados à experiência com o materno que se juntaram por afinidade e formaram o Complexo referente.
Mas no que isso serve para o autoconhecimento? Bom, pense o seguinte: naquele momento os conteúdos do desencarnado ativaram os SEUS conteúdos por proximidade. Logo, a intensidade do choro, da angústia, do medo são seus, em primeiro lugar. A conexão com o desencarnado só os constelou, trouxe para superfície. Então, que tal analisar após o trabalho mediúnico estas emoções? Não se trata de pensar na comunicação, no desencarnado, mas naquela dor tão doída que te desestabilizou e que se atribui comumente ao grau de perturbação do espírito. Que tal trazer para si esta reflexão e identificar em você aqueles sentimentos e suas causas?
É um exercício que requer tempo, paciência e coragem, mas é indispensável que façamos. No dia a dia, é importante também estarmos atentos às conexões mediúnicas que fazemos com os ambientes que frequentamos, com as pessoas que escolhemos conviver. Tudo isso fala de nós, fala de nossas sombras (sombrias ou luminosas). Não se trata de negá-las e, muito menos, de se envergonhar de nossos sentimentos. Precisamos legitimá-los, reconhecê-los, iluminá-los para que eles não sejam estranhos à nossa consciência. Com isso, eles perdem a capacidade de nos tomar, e de, quando constelados, nos levar a fazer coisas das quais sempre nos arrependemos para logo depois, muitas vezes, recalcarmos por não conseguir admitir sermos nós naquela atitude.
O processo de autoconhecimento é doloroso, muitas vezes, mas é libertador! Ele torna nossa caminhada, em qualquer que seja o plano, mais consistente, tranquila e produtiva. Somente lançando luz sobre nosso inconsciente e, pouco a pouco, trazendo para a luz nossos medos, marcas, dores etc. é que poderemos efetivamente evoluir e nos assenhorarmos de nós.
Utilizemos as ferramentas dadas pelo Criador, façamos um bom uso da mediunidade. Olhemos para ela como uma ferramenta de comunicação entre mentes, mas sobretudo como ferramenta que nos possibilita, na ajuda a irmãos e irmãs necessitadas de auxílio, o imediato retorno da caridade na possibilidade de melhor entendermo-nos e convivermos com os nossos “monstros”, “heróis”, “crianças” interiores.