Adenáuer Novaes
Robyson Uzeda 
- Você relaciona a autodeterminação à “criação das próprias leis” e à “Religião Pessoal”. Como devemos interpretar essa ideia sem que se torne um novo tipo de isolamento egoístico ou justificativa para o narcisismo, contradizendo a proposta de integração e alteridade?
– A criação das próprias leis deve ser compreendida dentro da ideia de mentoria de si mesmo. Acontece quando o Espírito autodeterminado tem noção de como funciona a Vida e passa a atuar de acordo com sua Designação Pessoal. Essa atuação se torna sua Religião Pessoal. Não há risco de isolamento, egoísmo nem narcisismo, pois sua atuação se dá no contato com a sociedade, na convivência com as pessoas e no exercício do amor.
- No livro A Autodeterminação do Espírito, você diz que uma pessoa autodeterminada tem uma “permanente conexão com algo Incognoscível”, mas ao mesmo tempo busca “viver sem a dependência do Incognoscível”. Como é possível estar permanentemente conectado e, simultaneamente, buscar a independência em relação a ele?
– O que chamo de Incognoscível, portanto, o que é impossível se conhecer pelo seu caráter não humano, sendo inacessível à compreensão lógica, difere de tudo que se diz a respeito de Deus. A permanente conexão se deve ao sentir algo em si mesmo, indescritível, mas vivificador e impulsionador do viver. Não se trata de dependência, visto que isso se aplica ao humano que depende de algo conhecido.
- Também nessa obra, você nos traz que a conquista da autodeterminação implica integração de habilidades, dentre elas “Ter conhecimento parcial ou total da própria Designação Pessoal”. É condição precípua à autodeterminação esse conhecimento, ainda que parcial?
– Sim, pois a Designação Pessoal pertence à essência do Espírito. A autodeterminação exige esse íntimo contato, que ultrapassa as percepções do Personagem. A Designação Pessoal assemelha-se a uma diretriz segura, profunda e realizadora que se apresenta como uma disposição permanente de viver e de causar.
- Uma vez que a autodeterminação perpassa por aquisição de habilidades, é possível se dizer que uma pessoa é autodeterminada nesta ou naquela situação, ou a autodeterminação é a plenitude das habilidades conquistadas?
– A autodeterminação implica aquisição de um conjunto de habilidades que contempla, no mínimo, a propriedade de si mesmo, possuir a ética superior do Espírito, assumir total responsabilidade pelos próprios atos, manejar seu Campo Pessoal, não prejudicar pessoa alguma, ter compaixão, ser uma pessoa produtiva e socialmente envolvida, ter consciência plena da continuidade do Eu e agir sempre tendo o amor como máximo sentimento.
- A autodeterminação é descrita como “o ápice da conquista evolutiva do Espírito”. Isso sugere um ponto final no processo evolutivo ou um novo início de ciclos conscientes de autotransformação? Em outras palavras, a autodeterminação é uma meta ou um processo dinâmico?
– A evolução não tem fim, não tem limites, nem se conclui pois não se conhece os objetivos do Incognoscível. A autodeterminação é um processo dinâmico que insere o Espírito em um movimento infinito e cada vez mais complexo.