Luiz Farias 
A mediunidade é uma faculdade inerente ao ser humano. Estabelecer uma comunicação com dimensões espirituais não é um privilégio para poucos. Trata-se de um potencial que pode ser desenvolvido, aprimorado e utilizado por todos, como forma de crescimento pessoal e espiritual. A mediunidade é um atributo ligado à sensibilidade e à intuição, permitindo que as pessoas percebam, de forma mais ampla, o que transcende o plano físico. Nessa perspectiva, ela ultrapassa a sua condição de utilização nos contextos específicos institucionais, como nas sessões ou reuniões mediúnicas nas casas espíritas.
Para além disso, ela pode ser utilizada como uma ferramenta prática para melhorar relações interpessoais, para promover o autodesenvolvimento, e como auxílio para a tomada decisões mais conscientes e alinhadas com os propósitos individuais.
Ao cultivar a sensibilidade mediúnica, uma pessoa pode acessar intuições mais profundas, conectando-se às suas necessidades reais e àquilo que lhe traz equilíbrio e harmonia. 
Nos escritos alquímicos, a “Aurora Consurgens” é descrita como o resultado das fases de calcinação e purificação, culminando no ouro filosófico ou na pedra filosofal. Analogamente, a mediunidade envolve um processo interno de preparação e purificação. Por meio de práticas meditativas, estudo e dedicação, o médium se torna um canal mais puro, apto a receber e transmitir mensagens dos planos espirituais, sem interferências do ego ou das limitações humanas. Tal como na alquimia, esse processo exige disciplina, intenção clara e, sobretudo, humildade.
Recomenda-se que as pessoas comecem com atividades simples, como a meditação e a observação dos próprios pensamentos e emoções. Além disso, é importante buscar participar de grupos ou encontros que promovam o estudo sério e apropriado à prática.
Embora a mediunidade ofereça benefícios significativos, é importante um alerta sobre os desafios associados ao seu uso. A mediunidade deve ser sempre praticada com responsabilidade, ética e respeito aos limites dos outros. Não se trata de impor crenças ou interpretações, mas de utilizar a sensibilidade mediúnica como um suporte para o crescimento pessoal e coletivo.
No Ciclo IX da Universidade Livre do Espírito (ULE), tratamos do planejamento estratégico espiritual, realçando o uso da mediunidade como uma ferramenta de planejamento importante para navegar nos desafios da vida com mais sabedoria e compreensão. Ao incorporar a mediunidade às atividades diárias, é possível viver de forma mais conectada e alinhada com os propósitos mais profundos da existência. Pensar em um plano estratégico espiritual é pôr, no papel, de forma clara, nossas forças e fraquezas, características íntimas de nosso Personagem, e as oportunidades e ameaças que o ambiente externo oferece, de forma a sermos capazes de traçar um caminho de possibilidades de mudanças internas e externas, alinhando nossas ações a um propósito existencial.
Essa temática fascina e desafia tanto os estudiosos das ciências ocultas quanto os buscadores de verdades espirituais. Quando empregamos a metáfora da “Aurora Consurgens” para falar sobre mediunidade, evocamos a imagem poética de um novo dia, um despertar luminoso que emerge das profundezas da noite. Essa analogia não apenas oferece uma perspectiva simbólica, mas também uma reflexão sobre o papel da mediunidade como catalisadora de transformação e iluminação pessoal.
Quando consideramos a mediunidade como uma aurora, ela deixa de ser apenas uma ferramenta individual e assume um papel coletivo, simbolizando o despertar da mediunidade, bem como o despertar da humanidade para sua própria natureza espiritual.
Mediunidade e “Aurora consurgens” são dois conceitos que se entrelaçam harmoniosamente, revelando o poder transformador do despertar espiritual. Assim como o brilho da aurora dissipa a escuridão da noite, a prática mediúnica ilumina caminhos que estavam ocultos, revelando verdades e promovendo a transcendência. Ao compreender a mediunidade como este processo de luz emergente, somos convidados a não apenas respeitar e explorar nossas potencialidades, mas também a reconhecer a nossa responsabilidade no processo.