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A mediunidade como Aurora Consurgens

Adenáuer Novaes 

A real popularização da mediunidade, em que pese o intenso trabalho do Espiritismo em sua prática e divulgação, ainda não ocorreu, pois se restringe ao uso institucional, ao religioso e ao místico. A mediunidade é tratada como algo anômalo, estranho ou sobrenatural. No entanto, é com ela que o ser humano transita entre dimensões existenciais, unindo-as. Ela permite que o Espírito, com seu Personagem, descortine o véu da ignorância quanto à continuidade do Eu, permitindo-lhe vislumbrar uma outra face da realidade naturalmente disponível. A mediunidade permite que o ser humano perceba, mais claramente, sua condição de Espírito, comunicando-se com aqueles que fizeram sua Passagem, unindo dimensões. Com a mediunidade, a mente humana se expande para além do universo dos cinco sentidos, extrapolando os limites do corpo físico, acrescentando-lhe uma nova e importante faculdade.

A disseminação da mediunidade, com o nome de Espírito Santo, após o advento de Jesus ou após o primeiro milênio da Era Cristã, dentro do espectro religioso, não tem sido devidamente explorada. Afirmar que se trata da manifestação de um poder superior, sem se deter em conhecer seu funcionamento, sua utilidade e seu alcance, é malbaratar um bem precioso, tratando-o como um simples adorno. Utilizar-se de um dogma para abafar a real existência da mediunidade é contribuir para a cegueira humana quanto à exuberância da dimensão espiritual, na qual todos transitam. São cegos guiando cegos, sem conseguirem atentar para a claridade disponível. Sem entrar no mérito de quem se comunica, as religiões que se valem da mediunidade em suas práticas deveriam conhecê-la melhor para poderem beneficiar seus adeptos em seus processos existenciais, sem se verem como arautos ou missionários.

Em breve, o uso da mediunidade fará parte do repertório de faculdades psíquicas que serão consideradas pela Ciência, sobretudo na área da saúde mental. O uso contínuo da mediunidade trará uma atualização ao olhar humano sobre si mesmo, ampliando seu entendimento a respeito de como é a vida na dimensão espiritual, sem o viés salvacionista das religiões. Percebendo-se como interdimensional, o ser humano compreenderá melhor o que se passa em seu mundo  íntimo, questionando-se sobre a origem de seus conflitos internos, reduzindo, assim, seu vazio existencial. Sabendo das consequências de seus atos na vida futura, sobretudo no que diz respeito ao uso de seu corpo, educará seus impulsos para não vir a sofrer pela ignorância a respeito do funcionamento da Vida. Certamente, pensará muitas vezes antes de querer dar fim à vida do Personagem, pois saberá, com certeza, o que ocorre com os que assim procedem, ouvindo diretamente seus lamentos pelas dores físicas e psíquicas que os acometem.

Copilado de NOVAES, Adenáuer. A Continuidade do Eu. Salvador-BA: Fundação Livraria Lar Harmonia, 2024. p. 337 a 341.

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