Luiz Henrique D’Ultra
A ideia deste texto é fazer uma conexão com alguns conhecimentos da psicologia e o poder do Espírito. De antemão, destaco que as abordagens teóricas da psicologia que mais me identifico e que permeiam meu entendimento sobre a mente humana e o Espírito, e que certamente irei utilizar sem a pretensão de fazer nenhum aprofundamento teórico sobre elas, são a psicologia analítica, a psicologia humanista, a psicologia transpessoal e a psicologia do Espírito.
Olhar a existência, a partir do entendimento de que somos Espíritos imortais, traz um diferencial totalmente transformador, pois passamos a nos compreender e entender os acontecimentos da vida a partir de um prisma muito mais amplo, na perspectiva do Espírito e não apenas na perspectiva do personagem, como estamos acostumados a nos compreender. O poder do Espírito pode ser entendido, então, como a força essencial que transcende o corpo físico e a mente, conectando o indivíduo a uma dimensão mais profunda e significativa da existência. Esse poder é visto como a fonte de inspiração, sabedoria e autotransformação, impulsionando o ser humano em direção à autorrealização e ao crescimento interior.
Jung, com sua Psicologia Analítica, introduziu o conceito de inconsciente coletivo e, consequentemente, o entendimento de que a mente humana é influenciada não apenas por experiências pessoais, mas também por conteúdos arquetípicos e universais que refletem uma sabedoria espiritual ancestral. A Psicologia Analítica explora a relação entre o ego e o “Self” (o eu mais profundo e espiritual) como um caminho para a individuação, um processo de realização pessoal e conexão com o próprio Espírito, que tem o poder de orientar o indivíduo a um entendimento mais pleno de si mesmo. Na frase “Eu não sou o que aconteceu comigo, eu sou o que escolho me tornar”, está refletida a ideia central de Jung sobre o processo de individuação, que é o caminho de tornar-se a pessoa que realmente se é, indo além das influências externas e descobrindo a própria essência e potencialidade interior.
Já a Psicologia Humanista enfatiza o potencial humano para o crescimento e a autorrealização, valorizando a experiência subjetiva e o desenvolvimento pessoal. Ela vê o ser humano como possuidor de um potencial interior que pode ser comparada ao poder espiritual. Fala-se sobre o estado de “experiência de pico”, momentos de transcendência em que o indivíduo sente uma conexão profunda com algo maior do que si mesmo. O humanista Carl Rogers, fundador da Abordagem Centrada na Pessoa, desenvolveu a ideia de “tornar-se pessoa” como um processo contínuo de crescimento e autodescoberta, no qual o indivíduo se aproxima de sua autenticidade, num processo que envolve a busca pela congruência, ou seja, a harmonia entre o que a pessoa sente internamente e o que expressa ao mundo.
Com foco na dimensão espiritual do ser humano, a Psicologia Transpessoal explora estados de consciência ampliados e experiências transcendentais. Essa abordagem reconhece explicitamente o poder do Espírito, acreditando que ele transcende o corpo e a mente e que o ser humano possui capacidades espirituais e de autotranscendência que podem ser cultivadas para alcançar uma harmonia mais profunda.
Por fim, a Psicologia do Espírito, a qual integra a espiritualidade de maneira explícita na prática psicológica, propondo que o ser humano é essencialmente um Espírito imortal que tem uma existência além do plano físico. O poder do Espírito aqui é visto como fundamental para a saúde e desenvolvimento psicológicos, atuando como a verdadeira essência do ser humano. Nessa abordagem, o poder do Espírito é compreendido como uma força transformadora que pode conduzir o indivíduo à cura, à evolução moral e à compreensão de sua natureza imortal e, sobretudo, considera, principalmente, a compreensão dos aspectos da mediunidade e da influência espiritual como fundamentais para o olhar integral da saúde do indivíduo. Para a Psicologia do Espírito, o Espírito deve buscar um nível de alinhamento com seu personagem, de forma que possam trabalhar na perspectiva de uma encarnação que possa cumprir o principal objetivo de evolução do Espírito, vivendo a vida do personagem na aquisição de novas habilidades, compreendendo que todo o potencial de ação vem da consciência de se compreender Espírito imortal. O desafio maior no processo de entendimento da vida e de realização da encarnação passa a ser a realização do propósito de nossa essência, a realização do Espírito que se é.