Djalma Motta Argollo
Revista: Em que consiste o poder do Espírito? Podemos compreendê-lo como a capacidade de o ser humano transcender a si mesmo, buscando e criando novas realidades?
Djalma: Na verdade, o poder do Espírito é o nosso poder. Afinal, enquanto personagens espirituais e físicos, vivemos as experiências do Espírito! E isto está acontecendo desde que a vida biológica acontece aqui na Terra. É o Espírito que está desenvolvendo habilidades e conhecimentos para, quando não precisar mais dos personagens, ser um puro Espírito, com todo o conhecimento e habilidades para seguir numa nova linha evolucionária que não temos capacidade de entender.
Revista: Esse poder atribuído ao Espírito não pode ocasionar a inflação do Ego, dificultando, assim, a assimilação de habilidades?
Djalma: O Ego foi criado e é mantido pelo Espírito. Ele lhe dá certa autonomia, pois, até as dificuldades que ele cria, servem para o objetivo de acumulação de experiências do Espírito. Que ele pode inflar, não há dúvida, e isto acontece com muita frequência. Todavia, ele é passageiro, e se renova a cada nova encarnação, e, assim, o Espírito o controla! Afinal, para o Espírito, tudo é aprendizado.
Revista: Frente a esse poder do Espírito, como explicar a barbárie ainda existente nos dias atuais?
Djalma: Mas a barbárie não é de nossos dias. Ela já vem desde quando a evolução acontecia nos reinos animal e vegetal. O problema é que estamos ainda a caminho da humanização, quando aprenderemos a conviver bem com os instintos, utilizando-os para o nosso desenvolvimento pessoal e espiritual! Existe barbárie, é verdade, mas por que não valorizamos também as conquistas em diversos níveis individuais e sociais? Valorizamos muito o mal e muito pouco o bem. Atentemos à resposta à questão 744 de O Livro dos Espíritos: “Qual o objetivo da Providência ao tornar a guerra uma necessidade?” “– A liberdade e o progresso”.
Revista: Como integrar o poder do Espírito visando abrir campo para uma nova dimensão existencial para si mesmo?
Djalma : Em verdade, precisamos, enquanto Ego, nos colocar constantemente a serviço do Espírito, aceitando o que realmente somos: simples experiência dele. Se assim o fizermos, nossa vida tomará um rumo diferente, produtivo, de desenvolvimento constante e muito melhor em todos os sentidos.
Revista: Fala-se muito sobre os efeitos da Inteligência Artificial (IA) na vida da humanidade. Até que ponto essa realidade virtual contribui para o aprimoramento da consciência humana?
Djalma: Desde que o ser humano começou a usar ferramentas para facilitar sua sobrevivência, nasceu a tecnologia. E, desde então, ela tem se desenvolvido exponencialmente para nos tirar do esforço diário e impositivo da sobrevivência. E, desde que a cibernética apareceu, tem nos afastado de muitos esforços físicos e intelectuais antes absolutamente necessários! Estamos sendo empurrados de encontro a nós mesmos! A cada dia, o tempo ganho com o uso da robótica, e agora da inteligência artificial, nos leva para dentro, para a nossa realidade psíquica e espiritual. Por isso o crescimento das psicoterapias e das drogas psicotrópicas. Ou seja, a tecnologia está nos levando ao nosso encontro, para realizarmos o mandamento inscrito no Templo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo!” Como não o fizemos voluntariamente, agora estamos sendo obrigados a fazê-lo.