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A Hora e a Vez do Espírito

Paulo de Tarso 

No mundo corporativo, é comum a pregação de que, apenas com o uso de indicadores precisos e bem-posicionados, é possível almejar o sucesso empresarial. Da mesma forma, uma simples viagem pode ser mais bem executada se houver o acompanhamento de alguns indicadores importantes como a velocidade, a autonomia restante, a pressão do óleo e dos pneus, só para citar alguns.
Mas será que esta prática se aplicaria a nós, enquanto seres humanos, vivendo experiências demasiadamente humanas?
Periodicamente, medimos pressão, glicemia, colesterol, fazendo os ajustes necessários quando requeridos. Contudo, parece que, embora sejamos exímios observadores de números e estatísticas, há uma dimensão onde jaz abandonada uma simples medida que em muito poderia ajudar a equilibrar o desajuste em que estamos imersos, tanto no quesito individual, quanto no social. A cada ano, centenas de milhares de pessoas tiram a própria vida por conta de um vazio existencial, cuja essência, solenemente ignorada, amplia seus efeitos em plurais aspectos do quotidiano, ceifando, como hábil agricultor, esperanças qual ervas daninhas.
O modelo pós-moderno, prático, pragmático, eficiente e cheio de novos signos tem sido hábil em mais confundir do que esclarecer. Enfraquecendo as bases de sustentação do indivíduo, tira-lhe tudo o quanto poderia fortalecer, quer seja no campo da religião, de aspirações metafísicas, ou outros sonhos, apelidados pelos “istas” de plantão como devaneios de uma cultura baseada em mentiras e apta na arte de enganar. Contudo, se seus propugnadores prestassem um pouco mais de atenção, veriam o retumbante fracasso de suas formulações. Os indicadores apontam que não está dando certo, que o modelo deve estar necessariamente equivocado.
Se bem compreendido, o Cristianismo, doutrina erigida a partir dos ensinos de Jesus, traz, em seu bojo, gloriosas lições e aprendizados que, se adotados como práticas humanas, por certo alinhariam em sentido positivo tais referenciais. Mas, mesmo este grande manancial de vida foi estagnado por propostas e doutrinas que tentaram enquadrá-lo em limitações humanas, as quais, visando apoderar-se dos seus efeitos nas hierarquias sociais, asfixiaram sua capacidade de empoderamento, de sustentação de vidas orientadas por elevadas aspirações.
Precisou que quase dois milênios se passassem para que uma nova possibilidade de preenchimento de almas em busca de sentido viesse à lume, pela pena profícua do professor Rivail, com sabor de horizonte novo para a humanidade. O Espiritismo tirou da pedra fria o Espírito, resgatando-o de lápides vazias, de mausoléus erguidos pela pura vaidade, para dar-lhe vida nova, continuada experiência vivencial e, assim, a humanidade pode ver-se, mais uma vez, empoderada em si mesmo.
Como cocriadores cósmicos, fadados à perfeição, carregamos, em gérmen, todos os aspectos dos nossos desenvolvimentos futuros e, seguindo rumo à consecução de tal objetivo, nos fortalecemos, prontos para uma viagem à unidade divina, ponto máximo de eclosão de possibilidades.
O Espírito é capaz de tudo saber e fazer e este deve ser o nosso brado de liberdade. A sociedade humana faliu, mas o Espírito glorioso ressurge como fênix, capaz de realizar, em si, a grande obra do Criador.

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