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Mente & Espírito

Percepção da grande unidade

Autor: Fernando Santos

A mente, ou aparelho psíquico, está constituída no perispírito, que possibilita ao espírito meios de interagir nas múltiplas dimensões da vida. A mente se afigura como elemento de autopercepção que possibilitou o exercício da individualidade ao elevar o humano para além da coletividade (os bandos de animais), colocando-o na condição de ser singular no “uso do livre arbítrio”. A mente tem como gestor da consciência o Eu, ou ego, a constituir o senso de individualidade, e, portanto, de criticidade, levando a identificar e delinear o outro, a si mesmo, e a “realidade” em que se encontra. A percepção da individualidade, Eu, ocasionou a separação do coletivo que possibilitou a contemplação da obra divina, como se os olhos do criador se consubstanciasse através dos nossos olhos, em uma fantástica conjunção da criatura e do criador, da essência com a existência.

O princípio espiritual e o fluido cósmico universal foram criados por Deus, e uma habilidade inerente ao princípio espiritual lhe permite coagular a matéria no contato com o fluido cósmico universal, dando origem a elementos semi-materiais que confluíram para constituir uma estrutura “de aprendizado”, armazenando as experiências que decorrem da interação do princípio espiritual no viver. Evoluindo através dos inúmeros ciclos da existência, a estrutura de interação do princípio espiritual vai se configurar no perispírito, marcando a transição para o status do que denominamos como Espírito.

A Mente é o componente da estrutura perispiritual, que armazena em si as experiências existenciais do ser, agrupadas em núcleos de conteúdo energético emocionais gerados a partir das experiências vividas, estes núcleos interagem entre si estando, configurados nas estruturas do consciente e do inconsciente humano. O Espírito é o gestor da mente e gera a cada ciclo existencial um novo personagem, que está a vivenciar experiências de autossuperação enfrentando desafios e limitações, que levam-lhe ao desenvolvimento de habilidades, que são integradas pelo Espírito, passando a ser constitutivo do psiquismo nas suas trajetórias de vidas seguintes.

Na senda evolutiva, por sermos seres gregários, a viver em agrupamentos, surge a necessidade de conformar normas de conduta para gerir a convivência social, e no transcorrer da nossa existência, inicialmente a religião se impõe como o elemento normatizador de condutas quanto ao certo e errado, pautando-se na submissão ao Divino e quem se coloque como seu porta voz, e a ideia que se tem do criador (imagem de Deus) se torna então um fator determinante da trajetória do personagem vivido.

Viver como Espírito a partir da perspectiva da Mente é assumir conscientemente a atitude de alinhar a existência atual aos valores da ética do Espírito (coerência entre o pensar, o sentir e o agir na direção da realização de si e do auxílio ao coletivo) em vez da moral (conjunto de normas de conduta relativas à determinada cultura). Vivendo enquanto Espírito, faço o mergulho interior na Mente, e sinto que não há nada a resgatar, a pagar, a ter que me castigar, dissolvo a culpa, desenvolvendo o senso de responsabilidade em tudo que faço, me possibilitando desacorrentar-me do passado e seguir em frente. Dissolvo as idealizações referentes aos membros de minha família, aos meus parceiros ou parceiras, me libertando da dependência do outro, e de colocar sobre o outro as justificativas para minhas frustrações e decepções. Desconstruo a imagem de Deus enquanto cobrador, deliberador de favores, emissor de castigos, de algo fora de mim, assumindo sua dimensão incomensurável, e imanente em mim. Assumo os meus aspectos sombrios, encarando com responsabilidade o quem jaz em mim, e o que advém de mim. Assumo a condição de senhor da minha vida, ao aprender a acolher o que surge na consciência advindo do próprio inconsciente, permitindo um revelar-se de forma positiva e funcional, lidando com as próprias limitações, enxergando o viver como um mar de possibilidades para se autosuperar, de aprender a ir além, de entender que tudo que me vem é resultado da minha vibração enquanto necessidade de aprendizado, trazendo a mim as experiências que se fazem necessárias para integrar habilidades que ainda me faltam desenvolver.

A cada ciclo existencial Eu, Espirito Imortal, me habilito melhor a perceber e interagjir com o criador através de sua criação, em plena conexão com o fluxo da energia do viver, sendo muitos sem deixar de ser Um, tornando-me então cocriador com Deus. É a separação na individualidade que agora converge para percepção da grande unidade sempre presente, a Vida.

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