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Ciência e Espiritualidade

A atualização da linguagem no saber espiritual

Autor: Robyson Uzêda

O ser humano adquiriu uma maneira própria de linguagem, que difere nas sociedades com os símbolos peculiares a cada povo e cultura. Mesmo havendo o predomínio na linguagem humana da fala ou da escrita, outras formas foram sendo desenvolvidas em virtude da necessidade do espírito de se integrar ao meio que vive, citamos o método Braile e a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), respectivamente para os cegos e surdos, permitindo aos portadores de tais limitações uma melhor integração ao mundo, bem como possibilitando uma ampliação do conhecimento.

Com este introito, venho mostrar que o Espírito não estagna, é um ser mutante, está sempre evoluindo, e evoluir é, também, adaptar-se às condições vigentes. É integrar o produto do conhecimento ao psiquismo de tal maneira que os atos dele resultantes sejam executados automaticamente, em consonância com o livre-arbítrio.

A linguagem não é apenas uma forma de comunicação, perpassa pelo entendimento de que o conhecimento e o que dele se produz têm relação direta com o momento, a cultura e, sobre maneira, com o psiquismo do indivíduo e com a coletividade, para usar uma palavra de Jung, com o “Zeitgeist”. Portanto, atualizar a linguagem, além de rever conceitos e ideias, deve também permitir a possibilidade de ampliar o saber, partindo das ideias iniciais para desenvolver novas teorias, hipóteses; num ato contínuo, novos conhecimentos.

O que foi dito, criado e desenvolvido tem uma validade para aquele momento, não implica em absolutismo, em ponto final, nada é permanente e imutável, deve ser encarado como o que era possível para aquele nível de conhecimento. Posso ilustrar com o termo Átomo. Demócrito, século V a.C., trouxe a ideia de que a matéria era composta por pequenas partículas indivisíveis – ÁTOMOS. Continuamos a usar a mesma palavra, contudo sabemos que, além de divisível, foram agregadas várias outras descobertas que expandiram aquela ideia primária. Mas tudo foi permitido, pari passu, com a evolução do Espírito.

No Evangelho, há uma referência ao apedrejamento da mulher adúltera, pois assim determinava a lei, e, sendo aquele o senso comum, a coletividade era estimulada a cumprir. O apedrejamento deixou de existir como pena de morte, todavia continua a existir como “linchamento moral”. Este exemplo é para mostrar que não basta ressignificar o sentido da palavra ou trazer um sinônimo, se assim for, estaremos presos aos mesmos princípios motivacionais da atitude, ou seja, ao julgamento que resultará em processo de condenação, incentivado pela necessidade de vingança, de culpar o outro. Hão de se integrar os novos saberes, porque esse é o fundamento do processo evolutivo. Jesus não poderia ir de encontro ao nível evolutivo daqueles Espíritos, mas lançou a semente para um pensar distinto e, portanto, para atualizar a linguagem.

Sair dos saberes oriundos da crença para buscar o conhecimento é o preconizado por Allan Kardec, quando nos diz que o espiritismo estará seguindo os passos da ciência. Isto é ampliar a consciência. Isto é evoluir. Mais uma vez, não é meramente uma questão de sinônimos ou troca de palavras, é ir além, é entender o sentido daquilo que foi dito.

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