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Estados psíquicos dos estigmatizados

Autor: Fernando Santos

Numa jornada, é preciso reconhecer “quem” está indo, aonde estará indo, e de onde se está partindo. O exercício do olhar crítico sobre si nos capacita a reconhecer que há um eu que não sou eu, eu sou alguém que caminha comigo. Percebe-se assim que há dois “eus”, um que vê ao outro: o “ego do espírito” e o “ego do personagem”. Esta condição de espírito e personagem expressa claramente o grande paradoxo que necessita ser integrado (“eu sou imortal, mas eu vou morrer”), levando à aceitação da mortalidade do personagem simultaneamente à compreensão da imortalidade do Espírito.

O personagem, enquanto ego, se constitui a partir do construto das vivências do Espírito, projetado enquanto necessidades, aspirações e frustrações registradas na mente, que é uma função do períspirito ou corpo espiritual. Assim, os estigmas enquanto continuidade de complexos psicológicos estão a influenciar a personalidade e o eu, como um vetor direcionador da vida e do destino do próprio indivíduo. Estamos continuamente a escrever nossa trajetória reencarnatória a partir da forma como lidamos com os nossos estigmas, e é, nesse sentido, que a consciência da imortalidade e da impermanência (tudo passa) auxilia o personagem a perceber que é possível um diálogo produtivo e equilibrado com o Espírito que representa, aprendendo a encarar os seus limites de realizações, seus pensamentos e suas ideias.

O estigma denuncia a história de experiências pregressas e o atual estado psíquico inconsciente, materializados na configuração da própria vida. Somos todos estigmatizados pela vida e pela história, afetando nossa personalidade que influencia e enviesa a vida como uma condição própria, especial e significativa para a existência da pessoa, portanto é preciso deixar de ter vergonha, ou vitimar-se a esconder seu estigma. Os estigmas, enquanto marca determinante e resultante do que foi ou está sendo vivenciado, sensibiliza e afeta a psique a provocar novas marcas no psiquismo, induzindo o surgimento de outros estigmas. Eles estão na base das nossas “programações” reencarnatórias.

Estejamos atento para não colocar a vida em função dos estigmas, transformando-os em uma enorme sombra a encobrir outros aspectos da personalidade, pois os estigmas não são uma síntese do próprio indivíduo. Vejamos que, ao tomar consciência de estigmas aversivos, a busca de culpados ou culpar a si mesmo pode nos levar à revolta e ao medo, pelo receio de não alcançar nossas aspirações. Passamos a remoer constantemente as possíveis causas e meios que poderiam ter evitado, mas que se cristalizam nos impedindo de modificar nossa postura frente à vida.

Não há uma “cura”, seja ela divina ou não, para os estigmas. E, por isso, devemos estar atentos para não nos perdermos à mercê de adquirir habilidades para tornar os estigmas “invisíveis”, ou na dependência de agrupamentos entre “iguais”. Quando o ego do personagem dá lugar ao ego do Espírito, a dimensão material passa a ser olhada como uma experiência no contexto de um ser mais complexo, mais maduro e com mais habilidades, e, assim, tomamos consciência do estigma, sem qualquer pesar, compreendendo que faz parte de sua natureza e Designação Pessoal.

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