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Suicídio: reminiscência de um passado

Autora: Isabel Guimarães

“A calma e a resignação adquiridas na maneira de considerar a vida terrestre e a confiança no futuro dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio.” Allan Kardec (O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. V, it. 14

O problema do suicídio é um dos mais complexos a ser compreendido no âmbito da psique humana. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam, nas últimas décadas, um aumento significativo de suicídios em todo o planeta, envolvendo diferentes faixas etárias e contextos econômicos e sociais. No Brasil a cada 45 minutos, em média, um/a brasileiro/a se suicida. Trata-se, portanto, de um problema desafiador para a saúde pública na perspectiva das ciências terrenas, mas também sob a ótica espiritual.

O suicídio é algo que sempre deixa todos muito chocados, não só os familiares e amigos, mas qualquer um que toma conhecimento do caso, há sempre uma enorme curiosidade em saber o motivo. Alguém que deliberadamente tira a própria vida física nos remete a uma profunda reflexão sobre o viver e seu sentido, pois é na vida que surge o suicídio, ele é por si uma grande contradição, uma luta entre o instinto de sobrevivência própria do nosso corpo material e a vontade do espírito em desistir da encarnação. Para o espiritismo, o suicídio é uma triste ilusão porque somos seres imortais, e a vida continua, absolutamente, além da morte do corpo físico.

Entretanto é preciso compreender o significado profundo do ato suicida, não apenas como uma negação à continuidade da encarnação, mas como um não ao sofrimento e neste aspecto deve-se tratar a questão para além do dogmatismo religioso, das ameaças com o fogo do inferno, ou no caso do espiritismo a perspectiva de ir para regiões de sofrimento, pois a pessoa já está, mesmo antes da morte física, habitando essa região, pois o umbral não é um lugar, é um estado mental.

Portanto o suicídio não pode ser tratado, apenas como uma covardia ou fraqueza moral, suas causas têm raízes profundas, o contato com este problema deve nos levar a uma profunda reflexão sobre a sociedade que criamos e sustentamos o vazio existencial, a superficialidade das relações e a deposição das expectativas de felicidade na coisas materiais, cria uma psicosfera favorável ao suicídio. Quanto mais a pessoa leva uma vida superficial e vazia de experiências significativas, mais facilmente o espírito encarnado se distancia de sua interioridade na qual estão as respostas e os caminhos para suas dores e aflições.

Entretanto devemos considerar a reminiscência do passado como uma possível causa por trás da causa. Ter sido suicida em uma encarnação ou encarnações pode levar o espírito a uma fixação naquele personagem, pois o suicídio é um acontecimento tão forte que deixa marcas profundas no perispírito. Outro aspecto relevante é o congelamento, no psiquismo, de um acontecimento infeliz que não foi superado pelo espírito nem durante a erraticidade, fica gravado na memória perispiritual, presente, em especial, nos casos de depressão profunda.

Certamente chegará o tempo em que o suicídio será tratado em uma perspectiva multidisciplinar, onde o corpo sutil também será considerado. O tratamento espiritual associado aos tratamentos psiquiátricos e psicológicos são recursos fundamentais no auxílio da pessoa que tentou ou está com ideias suicidas. Porém, é preciso aprofundar e compreender a complexidade da situação oferecendo àquele que precisa, apoio incondicional e lhe proporcionar meios de conhecer sua verdadeira realidade na condição de espírito imortal.

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