Autor: Luiz Carlos Farias
Deus, então, cria dois princípios distintos, o princípio espiritual (PE) e o princípio material (PM). O princípio espiritual se reveste do princípio material para o seu desenvolvimento, sendo este revestimento material chamado por Kardec de perispírito, muitas vezes confundido com o próprio Espírito em razão de suas características e propriedades naturais.
O perispírito é um organismo muito mais complexo do que o que comumente se fala a respeito, quando o tratamos apenas como um corpo intermediário, ou como dito acima, um simples envoltório para o Espírito. Este organismo segrega atributos essenciais que servem ao Espírito encarnado para adequação do desenvolvimento de habilidades nas diversas áreas e funções específicas que se relacionam com a integração do ser espiritual, suas necessidades e tendências.
O perispírito serve de instrumento para o Espírito simultaneamente nas dimensões espiritual e material, e é ele o responsável pela codificação e decodificação das experiências vividas pelo Espírito, desde sua criação, em todas as suas encarnações, sendo a soma da criação de Deus e das experiências vividas na dimensão física e na dimensão espiritual, apreendidas pelo Espírito e gravadas na mente espiritual como habilidades que vão servindo ao Espírito e se transformando em diretrizes para sua trajetória na imortalidade, tais quais as leis naturais. Este aprendizado adquirido pelo Espírito se relaciona com as Leis de Deus.
Sigmund Freud define a mente humana em três campus que são: o consciente, pré-consciente e inconsciente, e fala sobre erupções ou descargas que se originam no inconsciente, por ele denominadas de “pulsões”. Carl Gustav Jung também tratou dessas erupções do inconsciente chamando-as de intuição. Ambos trataram essas questões de acordo com suas linhas de trabalho. Essas “pulsões” e/ou intuições, em algum momento escapam do inconsciente para o consciente trazendo à consciência conteúdos e muitas vezes habilidades adormecidas.
O ser encarnado em sua complexidade não poderia ser de melhor maneira tratado do que ampliando essa visão da psique, e considerando da mesma forma estruturada, relacionando-a ao campus do consciente e sua memória da dimensão física ou também chamada memória cortical, e a memória do campus inconsciente com os registros do perispírito. Pensando assim, podemos entender esse caminho de via dupla, onde as intuições – estimuladas por inteligências externas ou não – são geradas no inconsciente a partir de conteúdos, frutos das experiências vividas em diversas encarnações, e que ali foram guardados. Estas intuições são de estimada e valiosa informação para a conhecimento das tendências do Espírito.
Tais informações desse conhecimento podem ser bastante importantes para aqueles que se colocam na busca do conhecimento de si, ampliando a percepção do ser imortal que somos e percebendo que os personagens com os quais atuamos nas inúmeras encarnações são também instrumentos à disposição do Espírito, que segue aprendendo e se tornando cada vez mais senhor de si.